Liberdade
Aumentada
Abre a
janela, fecha a porta,
Não toques
em nada
Liga o PC,
liga a TV
Deixa-te
levar pela madrugada…
Pára de rir,
para de cantar,
Pára de
gritar, para de gargalhar.
Agora vamos
só sussurrar…
Esconde a
boca, tapa o nariz.
O Povo tá
farto, é o que se diz,
Uns querem
proibir,
Outros
querem liberar.
O pessoal de
Saúde
Afunda-se no
trabalho…
O vírus não
dá sinal d’abrandar,
Não está a
querer acalmar…
Tivesses tu
aberto a janela,
Fechasses tu
a porta da rua,
E talvez
agora fosses salvo…
O abraço, o
beijo, aquele toque,
Deixou de
ser amor,
Agora dá
lugar à dôr.
O ar que
precisas,
É o mesmo
que te quer matar.
Quem te ama,
não te toca.
Quem te
quer, desaparece.
A vida segue
sem sentido.
A vida que
era, já foi…
Ser recluso
do passado.
Ser casmurro
e rebelde.
Escolher
matar, sem saber quem,
Porque usar
máscara não tem convém.
Olha à tua
volta,
Mas olha com
olhos de ver.
Tem os olhos
virados para fora,
Para que
antes de ti
Vejas e
sintas na hora
O que está a
acontecer.
Olhos
vazios, cheios de nada,
Mortos-vivos
que se arrastam pela calçada…
Pais, filhos
e avós,
Todos eles
seguem sós.
Muitos nem
dizem Adeus…
Não têm
tempo!!!
O vírus
levou-os e não os devolveu.
O que
pensavas ser garantido,
Hoje já não
é teu…
Padeceu,
Arrefeceu e Morreu.
Assassino,
continuas na tua festa.
Permaneces
na tua ignorância.
Não percebes
que é desta
Que é a tua
vez de sentir a ânsia.
Mas agora já
é tarde,
Também para
ti a condição é esta:
Vais para a
casa das
Paredes
brancas, das camas brancas,
Das batas
brancas,
Mas só vês
escuridão.
E ausência
de luz.
Não
consegues respirar.
A máscara já
não te salva,
Metem-te os
tubos garganta abaixo
Pegam-te na
mão e dizem-te
Que tudo vai
ficar bem.
Agora já não
se distingue,
Se és um ser
humano
Ou um bocado
de carne,
Deitado de
barriga para baixo,
Naquele que
será o teu leito final.
Só o bater
do coração diz
Que um dia
foste alguém…
O telefone
toca do outro lado
E há uma voz
que diz:
“Sim, eu era
sua Mãe…”
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